- 08/06/2024
Distinção entre Assédio Moral e Cobrança de Metas no ambiente de trabalho
- Tempo de Leitura: 06 Minutos
- 08/06/2024
Empresas em todo o mundo, atualmente, visam alta competitividade e destaque no mercado de trabalho.
Acompanhar e ultrapassar concorrentes é um desafio constante, e a cobrança de metas tem relação direta com essa necessidade.
A empresa tem todo o direito de cobrar de seus colaboradores o nível de produtividade que deseja; é claro, sem ultrapassar os limites legais e do bom senso — o que nem sempre é fácil.
Cobranças de metas excessivas podem se tornar assédio moral, e é necessário entender mais profundamente como isso se manifesta nos locais de trabalho.
Alguns atributos são necessários para que se constitua o assédio moral e, da mesma maneira, algumas características estão presentes quando a cobrança excessiva de metas acaba se tornando assédio.
Neste artigo, vamos esclarecer as diferenças entre assédio moral e cobrança de metas, e quando acabam se misturando.
Entenda o efeito do assédio moral nas vítimas e o que fazer caso sofra assédio moral no trabalho.
Boa leitura!
O que é assédio moral no trabalho?
O assédio moral é uma conduta nociva que pode se manifestar por comportamentos, palavras, atitudes e gestos, e pode acontecer no ambiente de trabalho.
É um tipo de comportamento abusivo, em que há perturbação, humilhação e perseguição do agressor contra uma vítima definida (pode ser uma pessoa ou um grupo).
O perpetrador submete sua vítima a situações constrangedoras, humilhantes e degradantes, que podem ofender a personalidade, a dignidade, e a integridade psíquica e física de alguém — com o fim último de corromper o ambiente de trabalho, ou retirar a vítima de suas funções na empresa.
Toda conduta caracterizada como assédio moral deve ser:
- intencional (objetivo de excluir e discriminar);
- direcionada (ter uma vítima definida);
- repetitiva (habitual);
- temporalidade (inicia num momento e continua a ocorrer).
Esses atributos são essenciais para classificar uma conduta e estabelecer as diferenças entre assédio moral e cobrança de metas no ambiente corporativo.
Uma das formas mais comuns da ocorrência de assédio moral no trabalho é a submissão da vítima a uma tarefa impossível, ou a metas inatingíveis.
Em outras palavras, o assediador impõe à vítima um nível de produtividade, um resultado ou uma meta que, obviamente, não podem ser realizados.
Alguns exemplos disso são o aumento desproporcional de uma meta de um mês para o outro, a presença de ameaças caso não se cumpra o que foi estabelecido, e a ausência de critérios razoáveis para o cumprimento de um objetivo.
Para estabelecer uma meta, um líder deve basear-se na produtividade já demonstrada pelo time ou pelo profissional, no tempo necessário para alcançá-la, e em critérios e evidências claras.
Além disso, condicionar a meta à situação de trabalho (ameaçar com demissão) ou a um benefício já concedido ao colaborador também podem ser consideradas formas de assédio moral.
As empresas têm o direito de exigir metas?
Certamente! As empresas têm o direito de exigir metas.
Elas são uma forma de estabelecer um bom padrão de trabalho, motivar os colaboradores e até premiá-los por seus desempenhos.
As metas devem ser planejadas e estruturadas com evidências e critérios e, de preferência, com planos de curto, médio e longo prazo, permitindo mais tempo para que os colaboradores se organizem.
Quando a cobrança excessiva pode se tornar assédio moral?
Portanto, a cobrança excessiva de metas pode se tornar assédio moral quando, por exemplo, as metas se tornam inatingíveis, ou quando há pressão e ameaça constantes.
Numa situação em que a cobrança excessiva pode se tornar assédio moral entram em jogo os seguintes elementos:
- ausência de critérios e evidências claras: a cobrança de uma meta inatingível geralmente virá sem um planejamento claro, e sem critérios e evidências transparentes.
Uma das formas de tornar uma meta inatingível é, simplesmente, tornando-a “vaga”, imprecisa: o líder de vendas começa a cobrar cada vez mais, independentemente do número de vendas realizadas pelo profissional — não importa se ele vendeu 5, 20 ou 50 produtos no dia, a pressão continua da mesma maneira.
- falta de meios concretos para realizar o trabalho: outra maneira de tornar uma meta irrealizável é não dispor dos meios necessários para realizá-la.
Por exemplo, é solicitado ao colaborador, no fim do expediente, que entregue um relatório complexo na manhã do dia seguinte. Claramente, o colaborador não teria o tempo necessário para elaborar o trabalho e, sob ameaça, talvez tivesse de trabalhar fora do expediente.
- modificação repentina do objetivo: um líder solicita um trabalho a ser entregue como o relatório citado no exemplo acima. Ao analisar o relatório, ele afirma que não era aquilo que havia pedido. O assediador pode argumentar que está ou resumido demais, ou complexo demais.
Assim, sem registrar a solicitação (sem critérios), o assediador modifica de última hora o objetivo, condenando o colaborador à falha inevitável.
- pressão constante e ameaças: cobrar um trabalho é natural e esperado, e até certo nível de pressão pode ser colocado para motivar ou acelerar um time que está mais lento.
Entretanto, quanto a pressão é constante — independentemente dos resultados alcançados — e as ameaças estão presentes, é possível que seja assédio moral.
Afinal, existem procedimentos e medidas disciplinares que podem ser exercidas quando um trabalhador se recusa a entregar o trabalho e a produzir em medida razoável.
A pressão e a ameaça insistentes irão, além disso, afetar a saúde física e psíquica do colaborador, e esse efeito também pode ser um indicativo de assédio moral.
- exposição ao ridículo: outro traço marcante do assédio moral é utilizar a exposição ao ridículo.
Se a cobrança de metas vem acompanhada de exposição em reuniões, ou comentários indevidos sobre o desempenho do colaborador, também pode-se desconfiar de assédio moral.
- impossibilidade de negociação: outro sinal de atenção para o assédio moral é a impossibilidade de negociação quanto a metas.
Isso significa que os objetivos são impostos pela hierarquia, não dando ao colaborador a possibilidade de questionar, argumentar contra ou negociar as metas para que fiquem mais acessíveis.
No mais, qualquer uma dessas situações deve acontecer repetidamente — deve ser um padrão de comportamento, e não uma ocorrência pontual.
CLT e as metas de trabalho
A CLT permite às empresas e seus respectivos líderes a cobrança devida de metas.
Uma organização precisa atingir resultados, desenvolver os talentos de seus trabalhadores e buscar a melhor performance possível.
Isso deve estar, entretanto, dentro dos limites do bom senso e da legislação, e é dever do líder entender os potenciais e os limites de cada indivíduo ou grupo sob sua responsabilidade.
Quando analisamos os pormenores de uma situação de trabalho, fica claro que entre assédio moral e cobrança de metas existe uma diferença identificável e que esclarece as coisas.
Como estabelecer diferenças entre assédio moral e cobrança de metas?
Como vimos, é fundamental estabelecer diferenças entre assédio moral e cobrança de metas.
De forma geral, pode-se apoiar nos seguintes elementos para traçar a distinção:
COBRANÇA DE METAS | ASSÉDIO MORAL |
---|---|
⟶ razoabilidade | ⟶ insensatez e excesso |
⟶ planejamento | ⟶ ausência de critérios e evidências |
⟶ critérios e evidências | ⟶ metas inegociáveis |
⟶ negociabilidade | ⟶ metas vagas e ambíguas |
⟶ clareza, precisão e transparência | ⟶ pressão e ameaças |
⟶ meios concretos para realização | ⟶ padrão de comportamento, independente das necessidades reais |
Como o assédio moral e cobrança de metas pode atingir a saúde do colaborador?
Numa situação em que a cobrança de metas se tornou mais intensa por causa de um objetivo mais específico da empresa em determinado momento, não é preciso se preocupar.
Os colaboradores podem se sentir mais cansados, mais ansiosos e mais alertas nesse período, mas essa resposta de estresse é uma resposta natural da situação mais estressante.
E isso é absolutamente normal. Em algumas situações, os colaboradores serão mais puxados, terão de fazer mais em menos tempo — seja para corrigir um erro, se adaptar a uma nova situação, ou garantir o sucesso da organização e o próprio sucesso.
O efeito estressante irá passar assim que o período cessar, e essa situação pode ocorrer num número razoável de vezes durante o ano de trabalho.
Muito diferente é a situação de assédio moral. No assédio moral, a tensão e o estresse gerados pela cobrança excessiva, insensata e desorientada de metas são constantes.
Não há alívio para esse mal-estar, já que as metas são indefinidas, decididas em cima da hora, e carecem de planejamento, critérios e negociações.
Dessa forma, quando há assédio moral, os prejuízos físicos e psíquicos nas vítimas ocorre de maneira muito mais clara, e são muito mais sérios.
O que fazer ao sofrer com assédio moral?
Se você sofre ou conhece alguém que esteja sofrendo assédio moral na sua organização, utilize o Canal de Denúncias e faça o relato da situação.
Muitas vezes o assédio moral passa despercebido pela direção, e os agressores permanecem impunes.
O Canal de Denúncias permite que você denuncie a má conduta de maneira anônima, sem risco de retaliação.
Seu relato passará por uma gestão dentro do canal e enviado ao Comitê de Ética da empresa para ser apurado, e as medidas disciplinares necessárias serão aplicadas.
Conclusão
Não se deve confundir assédio moral e cobrança de metas.
Cobrar metas é parte das atribuições das lideranças, e é saudável e necessário para que as organizações atinjam seus objetivos.
Entretanto, a cobrança de metas insensatas, ambíguas e a presença de elementos como intimidação e pressão podem caracterizar a conduta como assédio moral.
O assédio moral causa prejuízos para a saúde física e psíquica de um colaborador, afetando sua produtividade, motivação e suas capacidades no trabalho.
Por isso, situações de assédio moral devem ser denunciadas o mais rápido possível através dos Canais de Denúncia.
Se você gostou deste conteúdo, continue acompanhando nosso Blog e redes sociais para entender mais sobre a integridade organizacional e o papel do Canal de Denúncias.
E, se a sua empresa ainda não possui um Canal, fale conosco! É só preencher o formulário ao lado e conversar diretamente com um de nossos especialistas.
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