- 16/08/2024
6 Tipos de discriminação no ambiente de trabalho, Confira!
- Tempo de Leitura: 06 Minutos
- 16/08/2024
A discriminação no trabalho impacta a vida de 4 em cada 10 trabalhadores brasileiros, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva. O dado alarmante evidencia a necessidade urgente de enfrentar e prevenir comportamentos discriminatórios no ambiente profissional.
Desde a aprovação da Lei 9.029/1995, que proíbe práticas discriminatórias baseadas em gênero, raça, idade e outras características, a busca por um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo continua a ser um desafio constante.
Reconhecer essas práticas é o primeiro passo para mudar essa realidade. Veja a seguir como identificar os principais tipos de discriminação no ambiente de trabalho, o que fazer para enfrentá-los e os impactos no bem-estar dos colaboradores e das empresas.
O que é discriminação no trabalho?
Discriminação no trabalho são práticas injustas que tratam colaboradores de maneira desigual com base em características pessoais, não em seu desempenho. Isso ocorre quando um indivíduo é desconsiderado ou desfavorecido devido a atributos como gênero, idade, raça, orientação sexual ou deficiência.
Atitudes discriminatórias são impulsionadas por estereótipos (noções preconceituosas e generalizadas sobre algo ou alguém) e visam inferiorizar ou ridicularizar um colaborador.
Principais tipos de discriminação diretas ou indiretas
A discriminação no ambiente de trabalho pode se manifestar de duas formas principais: direta e indireta.
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Discriminação direta é quando alguém é tratado de forma injusta por causa de características pessoais, como gênero ou raça. Isso é fácil de identificar porque é evidente que a pessoa está sendo tratada de maneira diferente.
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Discriminação indireta acontece quando uma regra ou prática parece justa, mas acaba prejudicando um grupo específico de pessoas. Não é tão fácil de perceber, pois pode não ser intencional, mas ainda assim causa desigualdade no local de trabalho.
Com essa definições em mente, confira a seguir explicações e exemplos dos diferentes tipos de discriminação no ambiente de trabalho que podem se manifestar de forma direta ou indireta.
Discriminação de gênero
A discriminação de gênero no trabalho ocorre quando um colaborador é tratado de forma desigual com base no seu gênero. Isso pode se manifestar em decisões de contratação, promoção, remuneração ou tratamento diário no ambiente de trabalho.
Exemplos de práticas discriminatórias devido ao gênero do trabalhador:
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Diferenças salariais: Mulheres recebem salários mais baixos do que homens para desempenharem funções semelhantes;
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Falta de oportunidades de promoção: Mulheres são rejeitadas para cargos de liderança, mesmo quando qualificadas;
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Políticas internas desiguais: Uma política de promoção que exige disponibilidade para viagens constantes, afetando desproporcionalmente mulheres que podem ter responsabilidades de cuidado familiar e são mais frequentemente prejudicadas por esse tipo de exigência.
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Comentários sexistas: Observações ou piadas sobre a capacidade das mulheres ou homens baseadas em estereótipos de gênero.
Discriminação por gravidez
A discriminação por gravidez ocorre quando uma pessoa é tratada de forma desfavorável devido à sua gravidez, maternidade ou licença-maternidade.
Exemplos de discriminação por gravidez no trabalho:
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Recusa de contratação: Gestantes são descartadas no processo seletivo devido à sua condição;
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Demissão por gravidez: Uma funcionária grávida é demitida sob o pretexto de “reestruturação”, enquanto outras colaboradoras não gestantes grávidas não são afetadas.
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Redução de tarefas: Gravidez leva à desvalorização das funções desempenhadas.
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Política interna excludente: A política de contratação não oferece flexibilidade para mães em potencial.
Discriminação etária
A discriminação etária acontece quando um colaborador é tratado de maneira injusta devido à sua idade, seja ele jovem ou idoso.
Exemplos de atos discriminatórios motivados pela idade da vítima:
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Preconceito na contratação: Rejeição de candidatos mais velhos sob a suposição de que são menos adaptáveis a novas tecnologias e a desenvolver novas habilidades;
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Comentários estereotipados: Observações de que trabalhadores mais jovens são menos experientes e menos comprometidos, por isso não devem participar de projetos mais complexos da equipe.
Discriminação por orientação sexual
A discriminação no trabalho por orientação sexual ocorre quando uma pessoa é tratada injustamente por ser heterossexual, lésbica, gay, bissexual, transexual, queer, intersexual, assexual, pansexual ou se identificar por outras orientações sexuais.
Exemplos:
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Gírias e piadas preconceituosas: Comentários ofensivos sobre a orientação sexual de um colega;
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Negação de benefícios: Política de benefícios não cobre parceiros do mesmo sexo, o que pode desincentivar funcionários LGBTQ+ a se manterem na empresa ou a se candidatar a vagas.
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Isolamento: Exclusão de eventos sociais ou reuniões devido à orientação sexual.
Discriminação por deficiência
A discriminação por deficiência ocorre quando um colaborador com necessidades especiais é tratado de maneira desigual e injusta, seja por falta de acessibilidade, estereótipos ou preconceito.
Exemplos:
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Acesso limitado: Falta de adaptações no ambiente de trabalho para garantir acessibilidade, excluindo de reuniões e eventos da empresa por não conseguir acessar fisicamente o local;
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Baixa oferta de oportunidades: Exclusão de funções ou responsabilidades devido à deficiência, sem considerar ajustes razoáveis, pois há a suposição sem evidências de que a deficiência limita a capacidade do colaborador;
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Normas discriminatórias: A empresa tem um código de vestimenta que não considera adaptações para funcionários com deficiências físicas, o que pode afetar desproporcionalmente funcionários com necessidades especiais.
Discriminação por raça e motivos relacionados
A discriminação por raça e motivos relacionados envolve o tratamento desigual baseado na raça, cor da pele, etnia ou origem nacional de um colaborador.
Segundo a Constituição Federal, todos os indivíduos têm o direito à igualdade e à não discriminação. Conforme estipulado no Art. 5º, inciso VIII:
“VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;”
Exemplos:
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Comentários racistas: Piadas ou observações preconceituosas sobre a raça ou etnia de um colega;
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Segregação: Designação de tarefas menos desejáveis ou inferioridade com base na crença religiosa do colaborador, especialmente quando de matriz africana, grupo alvo de constantes práticas discriminatórias em nossa sociedade;
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Promoções: Discriminação nas oportunidades de avanço profissional para pessoas de minorias étnicas que possuem o mesmo desempenho e experiência dos colegas de raça diferente;
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Políticas de atração e retenção de talentos: A empresa tem um processo de recrutamento que, devido a requisitos de experiência ou outros critérios, desconsidera desproporcionalmente candidatos de minorias raciais sem uma justificativa clara relacionada ao desempenho.
O que fazer em casos de discriminação no trabalho?
Quando a discriminação é identificada no ambiente de trabalho, a empresa tem um papel social e obrigação legal de garantir que a situação seja abordada e resolvida de maneira eficaz.
O primeiro passo é promover um diálogo aberto sobre o tema, criando um espaço onde os colaboradores possam expressar suas preocupações e necessidades.
“Muitas vezes, as normas e códigos internos podem não cobrir todas as situações de forma adequada, por isso é importante ouvir ativamente os funcionários para identificar lacunas que precisam ser preenchidas”, reforça Wagner Giovanini, especialista em Compliance.
Além disso, é essencial revisar e atualizar as políticas de inclusão da empresa para que sejam eficazes e relevantes com o cenário atual da organização, criando bases para a construção de um ambiente de trabalho inclusivo e respeitoso.
Outra prática importante a ser considerada por empregadores, gestores e profissionais do RH é a análise da diversidade das equipes em diferentes funções e níveis hierárquicos.
Para isso, reúna dados sobre gênero, raça, etnia, idade, orientação sexual, deficiência e outras características relevantes dos colaboradores — certifique-se de que a coleta de dados respeite a privacidade e as leis aplicáveis!
Crie um plano para abordar as lacunas e melhorar a diversidade e inclusão, com metas específicas e prazos. Programas de treinamento sobre diversidade e inclusão também são importantes, além de assegurar que a empresa esteja em conformidade com a legislação brasileira. Saiba mais sobre isso assistindo ao vídeo abaixo:
Para criar e manter uma cultura organizacional que não tolere comportamentos nocivos, considere implementar um programa de Compliance robusto, que deve incluir ferramentas seguras como um Canal de Denúncias terceirizado.
A Contato Seguro oferece serviços especializados em Compliance, sendo pioneira e líder do mercado de Canais de Denúncias no Brasil. A plataforma funciona como um meio confidencial para que os colaboradores possam relatar discriminações e outras práticas prejudiciais sem medo de retaliação.
Impactos que a discriminação no ambiente de trabalho gera
A discriminação no ambiente de trabalho afeta a moral e o bem-estar dos colaboradores, levando a um aumento no estresse e na insatisfação, o que pode resultar em maior rotatividade e absenteísmo.
Além de ameaçar autoestima e autoeficácia da equipe, a discriminação no trabalho cria um ambiente de trabalho tóxico, antiético e de baixa produtividade.
Se os trabalhadores não são tratados com respeito, confiança e neutralidade, isso implica que eles não recebem o apoio necessário da organização e seus representantes, como bem apontado pelos doutores em Psicologia Social Marcus Eugênio Oliveira Lima e Marcos Emanoel Pereira no livro “Estereótipos, preconceitos e discriminação: perspectivas teóricas e metodológicas”.
Para a empresa, a discriminação no trabalho põe em risco a sua reputação no mercado, dificultando a atração e retenção de talentos diversos, e pode levar a processos legais e multas, aumentando os custos e impactando a suas operações.
Conclusão
A discriminação pode resultar em um ambiente de trabalho menos inovador, já que uma equipe homogênea pode não gerar a mesma variedade de ideias e soluções criativas.
Em resumo, um ambiente de trabalho saudável e respeitoso não tem espaço para decisões e comportamentos discriminatórios, seja qual for a razão.
Implementar políticas eficazes, promover o diálogo aberto e utilizar ferramentas adequadas, como o Canal de Denúncias, são passos necessários na prevenção e combate a discriminação no trabalho.
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