Assédio Moral no Trabalho: Efeitos de longo prazo na carreira e na vida pessoal

O assédio moral no trabalho é uma forma de violência psicológica que, de maneira intencional e repetitiva, submete o colaborador a situações humilhantes e constrangedoras. A definição feita pela Organização Internacional do Trabalho ressalta que essa prática abusiva fere a dignidade e afeta diretamente a saúde física e emocional dos profissionais.

Desemprego forçado e afastamento da carreira são exemplos de consequências graves causadas por esse tipo de assédio que, ao se espalhar pela organização, torna-se uma prática nociva generalizada.

No artigo de hoje, vamos explorar os principais efeitos do assédio moral no ambiente profissional e pessoal, analisando o impacto dessas condutas abusivas e como combatê-las.

Continue lendo para entender os efeitos de longo prazo do assédio moral no trabalho e como proteger sua saúde e sua carreira!

Assédio moral no trabalho: Lei 14.457

A Lei 14.457/22 trouxe avanços na legislação brasileira para o combate ao assédio moral no trabalho, reforçando a importância de medidas preventivas e corretivas dentro das organizações.

A norma de 2022 impõe às empresas com mais de 20 funcionários a revisar a atuação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA) e implementar procedimentos e ferramentas como o Canal de Denúncias.

A CIPA agora tem a responsabilidade de criar e monitorar políticas de combate ao assédio moral e sexual, promovendo um ambiente de trabalho mais seguro e respeitoso.

Além disso, a lei determina que empresas adotem ações educativas e de conscientização, como treinamentos regulares sobre violência, assédio, igualdade e diversidade no trabalho com o objetivo de prevenir práticas abusivas e proteger os colaboradores.

O cumprimento dessas medidas é fundamental para evitar que o assédio moral se enraíze nas corporações, assegurando que todos os casos sejam apurados com rigor e que os responsáveis sejam devidamente penalizados.

Principais efeitos do assédio moral no ambiente de trabalho

Impacto na vida pessoal

No campo psicológico, a constante exposição a comportamentos de assédio moral pode gerar transtornos como ansiedade, depressão, baixa autoestima e até fobias, afetando diretamente a vida pessoal do colaborador.

O trabalhador passa a enfrentar dificuldades em se concentrar e em recordar informações, o que compromete sua capacidade de desempenhar suas funções de maneira eficiente.

Os efeitos físicos também são evidentes, manifestando-se por meio de problemas de saúde como distúrbios digestivos, dores generalizadas, palpitações e agravamento de doenças preexistentes.

No âmbito social, o assédio moral isola o trabalhador, que muitas vezes se retrai nas relações interpessoais, seja com amigos, colegas ou familiares. Isso gera solidão e agrava ainda mais o quadro de sofrimento.

Impacto na carreira

A redução da capacidade de concentração é um dos efeitos mais imediatos, fazendo com que o trabalhador tenha dificuldade em se manter focado em suas atividades.

A falta de atenção pode resultar em erros frequentes na execução de tarefas, o que, por sua vez, prejudica sua reputação e pode levar a advertências ou demissões.

O trabalhador assediado pode se tornar mais reativo e menos disposto a colaborar, respondendo de forma exaltada a ordens ou solicitações.

Com o tempo, a soma desses efeitos pode levar ao estigma do colaborador como alguém problemático, o que pode prejudicar seu crescimento profissional e as oportunidades de promoção.

Impactos para a empresa

Um dos impactos mais visíveis do assédio moral na empresa é o aumento do absenteísmo (faltas no serviço), muitas vezes devido ao estresse e à pressão resultantes do ambiente hostil.

A ausência não só diminui a produtividade, mas também eleva os custos operacionais da empresa. Colaboradores que não se sentem seguros ou respeitados são mais propensos a buscar novas oportunidades em ambientes mais saudáveis.

A degradação das condições de trabalho aumenta o risco de doenças profissionais e o número de ações judiciais por danos materiais e morais.

Como a empresa deve agir diante de casos de assédio?

Quando uma denúncia de assédio moral chega ao conhecimento da empresa, a resposta deve ser imediata e metódica. A organização precisa conduzir uma investigação completa e imparcial para apurar os fatos.

Esse processo deve respeitar o sigilo da identidade do denunciante, garantindo um ambiente seguro para que outros colaboradores se sintam à vontade para se manifestar. Se a acusação for confirmada, a empresa deve aplicar as sanções adequadas, conforme estipulado pela Lei 14.457/22.

A omissão ou inação diante de casos de assédio não é uma opção viável. Ignorar essas denúncias não só perpetua a prática abusiva, como também torna a empresa cúmplice do problema.

Ao não tomar medidas efetivas, a organização envia uma mensagem negativa aos seus colaboradores, indicando que comportamentos inadequados são tolerados, e levar a um ambiente de trabalho ainda mais hostil.

Além do mais, tanto a Constituição Federal, por meio do artigo 7, inciso XXII, quanto a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), artigo 483, impõem ao empregador a responsabilidade de zelar pela saúde e integridade dos trabalhadores, incluindo a proteção contra riscos psicológicos e emocionais.

Se a empresa falhar em sua obrigação de proteger o ambiente de trabalho, poderá enfrentar ações judiciais e multas significativas.

É igualmente preocupante quando a empresa tenta culpar ou desmoralizar a vítima. Essa abordagem agrava a situação e pode forçar o colaborador a buscar apoio fora da organização, como sindicatos ou o Ministério Público do Trabalho.

Assédio moral no trabalho: impacto no trabalho remoto

O assédio moral no ambiente de trabalho remoto, muitas vezes chamado de assédio virtual, ocorre de maneira similar ao assédio presencial, mas se manifesta através das ferramentas digitais amplamente utilizadas nas empresas.

Por exemplo, a insistência em manter a câmera ligada durante videoconferências, como uma forma de “monitoramento” do colaborador, pode ser uma prática abusiva.

Da mesma forma, cobranças excessivas de desempenho com metas irrealistas e contato fora do horário de trabalho com mensagens e e-mails hostis são comportamentos que podem configurar o assédio moral no trabalho remoto.

Essas ações não apenas infringem os direitos do trabalhador, mas também podem resultar em processos judiciais e indenizações.

O impacto emocional dessas práticas é a constante pressão para estar disponível e produtivo o tempo todo no home office, o que é insustentável a longo prazo.

Para mitigar esses riscos, é essencial que líderes e gestores recebam treinamento adequado sobre como gerenciar equipes à distância. Isso inclui estabelecer limites claros sobre comunicação e expectativas, promovendo um ambiente de trabalho saudável que respeite a dignidade do colaborador.

Como o Canal de Denúncia pode ajudar nos casos de assédio

Com a Lei 14.457 de 2022, a lei do Programa Emprega Mais Mulheres, em vigor desde março de 2023, é importante entender que o Canal de Denúncias ajuda a prevenir e combater casos de assédio nos seguintes aspectos:

1) Inibindo ação de perpetuadores

Ao criar um ambiente em que as manifestações podem ser feitas de forma confidencial, o Canal de Denúncias ajuda a proteger aqueles que enfrentam situações abusivas, garantindo que suas identidades e experiências sejam respeitadas.

2) Facilitando a denúncia e protegendo o assediado

Se o comportamento inadequado persistir, a vítima deve registrar detalhes das ocorrências, como datas, horários e possíveis testemunhas, por meio do Canal de Denúncias.

As informações serão essenciais para uma investigação precisa e imparcial. Assim, a empresa terá condições de tomar as medidas cabíveis com mais rapidez.

3) Criando credibilidade entre colaboradores

Além de facilitar o processo de denúncia, o Canal contribui para a construção de uma cultura de credibilidade entre os colaboradores.

Quando a empresa demonstra compromisso em tratar as denúncias com seriedade e transparência, isso gera confiança no sistema e incentiva outros funcionários a se manifestarem caso presencie ou vivenciam assédio.

Conclusão

O assédio moral no trabalho é uma realidade que pode causar efeitos profundos e duradouros na vida pessoal e profissional dos colaboradores. A implementação da Lei 14.457/22 representa um avanço significativo na luta contra essa prática abusiva, promovendo um ambiente de trabalho que valoriza o respeito e a dignidade.

Ao criar diretrizes claras para a denúncia e a apuração de casos de assédio, a legislação contribui para a construção de uma cultura organizacional saudável e segura.

As empresas precisam adotar uma postura ativa de intolerância ao assédio, garantindo que todos os colaboradores se sintam seguros para relatar comportamentos inadequados.

Afinal, a responsabilidade legal das organizações e sua reputação no mercado estão diretamente ligadas à forma como tratam essas questões.

Para saber mais sobre esse tema e como identificar práticas abusivas no dia a dia, convidamos você a conferir nosso artigo “Distinção entre assédio moral e cobrança de metas no trabalho”.